segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Resumo da Guerra do Paraguai por batalhas.




A GUERRA DO PARAGUAY

Esta foi a maior guerra da América do Sul (do Hemisfério Sul, salvo melhor juizo), pois o exército paraguaio era de cerca de 90.000 homens, sendo 30.000 do exército permanente (reserva, milícia ou veteranos) e o restante exercitando-se em campos de instrução, isto em 1864. Quanto ao exército aliado até Abril de 1860, teve em campo 33.000 praças brasileiros, 12.000 argentinos e cerca de 2.500 orientais (Uruguaios), perfazendo um total aproximado de 47.500 praças. O exército paraguaio achava-se instruído e aparelhado em material, pois Solano Lopez acreditava gue só a guerra poderia tornar conhecida no mundo a República Paraguaia e tal é sua proclamação ao exército expedicíonário contra o Brasil quando termina dizendo: "Soldados e marinheiros, mostrai ao mundo inteiro quanto vale o soldado paraguaio!"

A causa da guerra foi fácil arranjar, conforme vimos anteriormente o Brasil intervira na República Oriental do Uruguai para garantir os brasileiros ali domiciliados. Lopez, aproveitando essa oportunidade dirigiu ao Governo Imperial do Brasil uma notificação ameaçadora erigindo-se em arbitrio supremo entre o Brasil e o Uruguay, procurando restringir ao Brasil uma parte dos seus direitos de soberania no conflito com o governo de Montevidéu. Como não obtivesse resposta do governo brasileiro, Lopez viu nisso um pretexto para provocar a guerra, iniciando logo a invasão do território brasileiro do Mato Grosso e o aprisionamento do paquete (navio) "Marquês de Olinda", no dia 11 de Novembro de 1864, em cujo bordo viajava o Coronel Carneiro de Campos, presidente da província do Mato Grosso, sendo encarcerado o presidente em uma prisão do Estado. O nosso ministro Vianna protestou contra a violência, tendo recebido como resposta seus passaportes no dia 13 Novembro de 1864. Estava declarada a guerra.

O Brasil, a Argentina e o Uruguai fizeram uma aliança contra o Paraguai. A Argentina tinha como objetivo vingar o ultraje sofrido, pois Lopez ordenou a invasão de Corrientes e o aprisionamento de dois navios da esquadra argentina, sem prévio rompimento.

Batalha Naval do Riachuelo - Realizou-se em 11 de Junho de 1865, a esquadra brasileira sob o comando do Almirante Francisco Manoel Barroso, enfrentou a esquadra inimiga, conquistando a vitória para as armas brasileiras, após renhidos combates entre os navios dos dois lados e a artilharia inimiga de terra. Antes da batalha o Almirante Barroso hasteou no mastro do navio chefe o sinal - "O Brasil espera que cada um cumpra o seu dever".

Rendição de Uruguaiana - Uma coluna paraguaia de 10.000 homens sob o comando do coronel Estigarriba invadiu o Rio Grande do Sul. No dia 13 de Junho de 1865 tomou conta da vila de S. Borja, onde o saque foi feito oficialmente por ordem de Estigarriba. O mesmo sucedeu com a vila de Itaqui a 7 de Julho de 1865. Finalmente os paraguaios chegaram a vila de Uruguaiana onde foram sitiados por 17.346 homens do exército aliado sob o comando do Imperador do Brasil D. Pedro II. A 18 de Setembro de 1865, rendeu-se o coronel Estigarriba, sendo preso junto com sua guarnição, num total de 5.131 praças e 59 oficiais.

Tomada do forte de Coimbra - Os paraguaios também invadiram o Mato Grosso e 5.000 inimigos atacaram o forte de Coimbra, que tinha uma guarnição de 157 combatentes sob o comando do bravo Tenente-Coronel Porto Carrero. Após uma resistência de dois dias os praças viram-se obrigados, pela falta de munição, a abandonar o forte, o que o fizeram iludindo o inimigo durante a noite de 29 de Dezembro de 1864. É digno de menção aqui, o procedimento das mulheres brasileiras, que se encontravam no forte fabricando munição durante a noite, sendo a principal figura nisso a propria esposa de Porto Carrero.

Tomada da Colônia de Dourados - Os paraguaios em núrnero de 300 homens, atacaram Dourados, que era defendida pelo bravo e brioso Tenente de Cavalaria Antônio João e quinze homens. Resistiu até a morte esse herói; ele quis com o seu sangue e dos seus bravos soldados protestar contra a invasão do sólo pátrio. A queda de Dourados se deu a 29 de Dezembro de 1864. Antes do combate, Antônio João escreve para Urianda comunicando a presença do inimigo e assim termina: "Sei que morro mas o meu sangue e de meus companheiros servirá de protesto solene contra a invasão do solo de minha Pátria".

Retirada de Laguna - A força brasileira de 3.000 homens que foi enviada para impedir a invasão do Mato Grosso, chegou à fronteira, já reduzida a um terço devido a fome e a peste. A coluna teve que se retirar logo após ter invadido o território inimigo, debaixo da perseguição tenaz do adversário, da fome, da peste do cólera, da sêde e do incêndio, que o inimigo ateava aos campos e só por um exemplo frizante de abnegação e elevado patriotismo conseguiu retirar em ordem e sem deixar os canhões e demais materiais de guerra em poder do inimigo. Essa retirada custou a vida de 900 bravos patrícios dos 1.600 que a iniciaram desde a Laguna, inclusive seu comandante Coronel Camisão.

Batalha de Tuiutí - Esta batalha teve lugar a 24 de Maio de 1866 entre as tropas aliadas contra 25.000 paraguaios. Mitre (Presidente da recém formada República Argentina) era o comandante em chefe do exército aliado e o intrépido General Osório, cuja ação foi muito decisiva para a vitória, era chefe do exército Brasileiro. Obtivemos uma vitória, tendo o inimigo cêrca de 12.000 baixas, 220 prisioneiros, inclusive 4 bocas de fogo e 3 bandeiras.

Tomada de Curuzú - Em 1 de Setembro de 1866, o valente general Visconde de Porto Alegre atacou por terra o forte inimigo de Curuzú, conseguindo desalojar os Paraguaios.

Derrota de Curupaití - Em 22 de Setembro de 1866, sofreram os aliados uma derrota no ataque que levaram contra Curupaití. Isso trouxe como consequência a exoneração de Mitre do comando-em-chefe, tendo-o substituido o General Duque de Caxias.

Passagem de Itororó - Em 6 de Dezembro de 1868, os corpos brasileiros chegaram em frente a ponte sobre o rio Itororó debaixo de um fogo destruidor dos paraguaios. Três vezes os nossos foram repelidos na passagem, quando o bravo Caxias num rasgo de heroísmo e exemplo, arrojou-se para a frente dizendo: "Quem for brasileiro me siga" e imediatamente seguido por seus valentes soldados efetuou a passagem da ponte no meio do fogo intenso do inimigo, sendo este destroçado.

Batalha de Avaí - Realizada em 11 de Dezembro de 1868, nela destroçamos completamente o inimigo, e fizemos muitos prisioneiros. Tomaram parte nessa batalha os mesmos chefes e soldados que venceram em Itororó.

Batalha de Lomas Volentinas - Teve lugar em 22, 25 e 27 de Dezembro de 1868, obtivemos uma vitória completa, tendo Lopes se internado no interior de seu país. Este encontro foi o último em que o poderoso exército inimigo se mostrou organizado, pois, depois disso Lopez com os restos de seu exército, começou a fugir sem opôr uma resistência digna de um exército regular.

Ocupação de Assunção - Em 31 de Dezembro de 1868, foi ocupada a capital do Paraguai por uma coluna brasileira sob o comando do Coronel Hermes Ernesto da Fonseca, que ali hasteou com todas as honras a nossa sagrada e vitoriosa bandeira.

Fim da Guerra - Depois da ocupação de Assunção assumiu o comando das forças brasileiras o Conde d'Eu, a luta que então se desenvolvia pelas cordilheiras paraguaias apresentou ainda alguns combates sem grande importância onde sempre o inimigo era derrotado e fugia. Até que a 1 de Março de 1870. quando comandava as forças de perseguição o General Camara, foi o ditador Solano Lopez lanceado nas margens do rio Aquidabanagui pelo cabo Francisco Lacerda "vulgo" Chico Diabo.

O ditador sentindo-se gravemente ferido tenta atravessar o rio para a margem oposta, apea-se do cavalo, faz a travessia com grande dificuldade, quando as forças lhe faltam, mas apoiando o corpo no braço esquerdo, tendo na direita a espada desembainhada atira um golpe contra o General Camara que viera oferecer-lhe a garantia de vida sob rendição.

Vendo isto um soldado brasileiro desfere-lhe um tiro no ombro e pouco depois o tirano sucumbe.

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Obs: Compilei esse texto de um site em português, não me lembro de qual...
É uma versão nitidamente militarista e orgulhosa de sua Nacionalidade e que tenta insuflar o Patriotismo e os valores guerreiros do/no Brasileiro.

E eu então peguei tudo e postei aqui para meus amigos poderem conhecer um pouco mais da capacidade militar Brasileira quando disposta para a batalha !!!!!

Obs2: os parenteses são meus pelo menos...0.~

Tumba de São Felipe encontrada.





Tumba de São Felipe descoberta (Turquia)
Notícia veiculada em 29/07/2011 – Fonte: www.Romanhideout.com

O Professor Italiano Francesco D’Andria anunciou a descoberta da tumba de São Felipe – um dos apóstolos de Jesus Cristo, na cidade antiga de Hierapolis na província Egéia de Denizli (nome atual).
A descoberta da sepultura do santo bíblico que foi morto pelos romanos há 2000 anos - de acordo com a tradição – deverá atrair enorme atenção na comunidade internacional. São Felipe, um dos doze apóstolos originais dirigiu-se a Hierapolis 2000 anos atrás para disseminar o cristianismo antes de ser morto pelos romanos, disse o professor.
D’Andria vem liderando as escavações na cidade de Hierapolis nos últimos 32 anos.
“ Até bem pouco tempo, pensavamos que a sepultura estava na colina dos mártires, mas não descobríamos nenhum traço de seus restos nas pesquisas geofísicas conduzidas na localidade. No mês passado, entretanto, descobrimos os restos de uma antiga e desconhecida Igreja 40 metros distante da atual Igreja de São Felipe localizada na colina dos mártires. E foi nessa antiga construção que descobrimos o tumulo de São Felipe,” disse D’Andria.
D’Andria e sua equipe ainda não abriram a tumba mas estão planejando abri-la o quanto antes.
“São Felipe é considerado um mártir. De fato, a Igreja construída em seu nome na colina é, por esta razão, chamada de Martyrion, apesar do fato de não haver traços da tumba do santo nessa construção. Enquanto limpávamos a nova localidade que descobrimos no mês passado é que finalmente encontramos a sepultura. Após minuciosa pesquisa determinamos que a sepultura foi movida de sua localização original na Igreja de São Felipe, para onde está agora, no século V, durante a época Bizantina. Estamos extremamente felizes e orgulhosos por ter descoberto a tumba de um santo cujo nome aparece na Bíblia – isto certamente será uma importantíssima descoberta para o turismo religioso, para a arqueologia e para a Cristandade,” acrescentou o professor.

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Sobre a pior servidão, ou a cegueira popular:

(PARTE 1)

"A pior servidão é aquela que não se percebe..."

Todo povo que não conhece seus antepassados, sua história, suas origens é povo cego, surdo, estropiado e extremamente, absolutamente manipulável. É um povo que flutua ao sabor de tendências, modismos e idéias pré-concebidas e especificamente criadas alhures para mante-lo em sua subordinação.
Um povo que não sabe de onde vêm, porque veio e para onde vai, só pode – mercê de sua falta de conhecimento – agir como manso rebanho a pastar de acordo com a vontade de seus Senhores, que lhes manipula os desejos e os gostos.
Esta canga; este arreio; o estalo deste chicote invisível que pesa sobre sua cerviz é mais insidioso a medida em que não é notado pelos sentidos entorpecidos na mediocridade do consumismo fútil dessa gente que sonha com o que PENSA querer, com o que PENSA precisar.
Os antigos escravos pelo menos sabiam de sua condição... hodiernamente se reconhecem por assalariados! Não percebem que são os descendentes sociais desses escravos da antiguidade, dos servos-da-gleba medievais, das classes subalternas de antanho...CLASSES SUBALTERNAS! Acreditam os Senhores leitores que essas elites ESQUECERAM-SE dessa designação quando criaram as fábulas que enchem o ideário do operário de hoje? Claro que não!
Pois bem, este povo que constitui estas CLASSES SUBALTERNAS, sofre, soa, se martiriza enquanto segue perseguindo quimeras, miragens de consumo que JAMAIS poderão atingir, que não lhes são de fato destinadas a não ser exatamente como isso: miragens!
Já há muito tempo as elites mundiais vêm aperfeiçoando essas técnicas de controle de massas (pois é isso o que é toda a cultura de consumo em operação em nossa sociedade atual); elas tem por objetivo abrandar o ímpeto humano em geral e do povo especificamente; estas técnicas são também usadas para a desvalorização das qualidades morais (coragem; honra; orgulho, etc) consideradas perigosas atualmente para o STATUS QUO!
Estas elites detém grande parte dos meios de produção e dos recursos econômicos globais e desejam consumidores pacíficos e civilizados o suficiente para comprar seus produtos, aquecer seus mercados, dar passagem a suas máquinas importadas ou para servi-los nos hotéis de luxo ou outros templos aperfeiçoados para o exercício de sua ostentação, NADA MAIS!
Querem servos/subalternos em que possam descarregar sua arrogânca; contra quem possam inflar seus egos, sua vontade de mando, onde destilar sua verve afogada de pretensão; enfim, seus traumas advindos de sua falta de nobreza hereditária, NADA MAIS!
Nos condomínios fechados, nos shoppings de alto-nível, nos cruzeiros cinco estrelas, nos helicópteros executivos, nas praias exclusivas, nos píncaros inacessíveis ao medíocre cidadão é que usam o excedente das expoliações que promovem mundo afora. Eles não desejam nem se importam com o Povo, com seu Pai, com sua Mãe, com Você! Eles se importam em FORMAR mordomos, operários, auxiliares, atendentes, assalariados de todos os tipos e principalmente inofensivos e mansos BONS CRISTÃOS!

terça-feira, 22 de março de 2011

Desabafo de um "Historiador amador"!



Sempre fui contrário à publicação de opiniões esparsas, idéias de ocasião e outras pontas soltas do pensamento, mas, por necessidade de expressão segue abaixo, um pequeno “ensaio” (pretensão é preciso! 0.^):

- Nos poucos meses de aula no 1º ano de História dei comigo questionando os motivos pelos quais alguém (eu incluso!)decidiria estudar a disciplina História. Fato estranho já que sempre me considerei um historiador-por-nascimento, posto que este é meu hobbie desde a infância.


Pois bem, na mixórdia de conhecimentos apresentados fica patente, claro até, o direcionamento multidisciplinar do curso em si; entretanto, pretende o curso nos fazer “apropriar-se do conhecimento”, da metodologia envolvida no produzir e pensar história.

Louvável intento! Todavia, independentemente da importância em saber, por exemplo, qual escola me influencia ou à qual delas eu “pertenceria” ou em qual poderia ser eu ainda “enlatado”; ‘inserido”; e/ou “rotulado”, E, como deveria ser entendida e/ou escrita a história, isto rouba-me o prazer de simplesmente faze-la (historiografia) ou medita-la (Filosofia da história e correlatos), ou apresenta-la/ensina-la a outrem (didática(?)).

Então, qual seria o problema?

Simples:

- Na forma acadêmica; ou academicista e suas linguagens, ou pelo menos na forma como é apresentada presentemente a disciplina, se parece muito com a gramática, em relação ao ensino de uma língua, um idioma, ou seja é para quem NÃO FALA a língua - e me desculpem a analogia com o ensino de linguas – mas, para os fluentes, ela se torna obsoleta, às vezes até desmotivadora.

Não me entendam mal, pois este é apenas um registro de meus pensamentos ALHEIOS a matéria dada em sala, não calcada nos livros que viemos lendo, e sim uma reflexão quanto às MOTIVAÇÕES que configurarão MEU futuro como Historiador. Isso talvez seja desinteressante para vocês, porém, se através deste pequeno “desabafo” vocês questionarem TAMBÉM a si próprios sobre as motivações em seguir carreira, então já terão sido úteis estas poucas linhas...

Mas, é preciso externar opinião a respeito do porquê fazer-se Historia, e a resposta é simples:

IDEOLOGIA!


Parece-me óbvio que a validação do conhecimento histórico passa necessariamente pela justificação de “orgulhos” ou de “poderes”, ou da simples “existência” de povos, nações, grupos étnicos e sociais (aqui em sentido amplo e não misógeno).

O sentido proposto é que ao desenvolver-se NOVA historiografia, pode o Historiador, munido de suas convicções apropriar-se dos FATOS HISTÓRICOS, dando-lhes interpretações (em que pesem a justeza e/ou exatidão das conclusões desprovidas de preconceitos históricos) com que possa preencher os interstícios da “infra-estrutura” necessária à compreensão das origens, das raízes ou do "destino histórico" de um povo/nação, criando um passado que faculta-lhe a implementação de uma idéia sociológicamente entendida de revitalização ou criação de valores ou de instituições úteis a uma nova visão (um ideal, seja ele “bom” ou “mal”) para a sociedade em que está inserido.

Este é o PODER do Historiador e sua MALDIÇÃO, pois ele pode JUSTIFICAR ou CONDENAR comportamentos éticos ou não, CRIAR ou RECRIAR a história de um povo, INOCENTAR ou CONDENAR uma personagem histórica, RESSALTAR ou OMITIR um fato histórico e etcetera, tudo enquanto influência as massas, as variadas classes ou até a própria burguesia em seu cerne (a juventude), com suas obras e dizeres e principalmente no momento da formação/condicionamento de seus pupilos/prosélitos/alunos.

Material de Apoio em Sociologia (Procedam com cautela)

Principais Correntes Sociológicas

De acordo com as classificações geralmente aceitas, são cinco as correntes principais da sociologia: Organicismo Positivista, Teorias do Conflito, Formalismo, Behaviorismo Social e Funcionalismo.

Organicismo Positivista

Primeira construção teórica importante surgida na sociologia, nasceu da hábil síntese que Comte fez do organicismo e do positivismo, duas tradições intelectuais contraditórias.

O organicismo representa uma tendência do pensamento que constrói sua visão do mundo sobre um modelo orgânico e tem origem na filosofia idealista. O positivismo, que fundamenta a interpretação do mundo exclusivamente na experiência, adota como ponto de partida a ciência natural e tenta aplicar seus métodos no exame dos fenômenos sociais. Assim, os primeiros conceitos da nova disciplina foram elaborados de acordo com analogias orgânicas, três das quais são fundamentais para a compreensão dessa corrente sociológica:


(1) o conceito teleológico da natureza, que implica uma postura fatalista, já que as metas a serem alcançadas estão predeterminadas, o que impede qualquer tentativa de alterá-las;
(2) a idéia segundo a qual a natureza, a sociedade e todos os demais conjuntos existentes perdem vida ao serem analisados e por isso não se deve intervir em tais conjuntos. Essa noção leva, em conseqüência, à adoção de uma atitude de laissez-faire; e
(3) a crença de que a relação existente entre as diversas partes que compõem a sociedade é semelhante à relação que guardam entre si os órgãos de um organismo vivo.
Os fundadores da nova disciplina adaptaram essa síntese ao ambiente social e intelectual de seus países: Auguste Comte, na França, Herbert Spencer, no Reino Unido, e Lester Frank Ward, nos Estados Unidos. Os três eram partidários da divisão da sociologia em duas grandes partes, estática e dinâmica, embora tenham atribuído importância maior à primeira. Algumas diferenças profundas, porém, marcaram seus pontos de vista.

Comte propôs, para o estudo dos fenômenos sociais, o método positivo, que exige a subordinação dos conceitos aos fatos e a aceitação da idéia segundo a qual os fenômenos sociais estão sujeitos a leis gerais, embora admita que as leis que governam os fenômenos sociais são menos rígidas do que as que regulamentam o biológico e o físico. Comte dividiu a sociologia em duas grandes áreas, a estática, que estuda as condições de existência da sociedade, e a dinâmica, que estuda seu movimento contínuo. A principal característica da estática é a ordem harmônica, enquanto a da dinâmica é o progresso, ambas intimamente relacionadas. O fator preponderante do progresso é o desenvolvimento das idéias, mas o crescimento da população e sua densidade também são importantes. Para evoluir, o indivíduo e a sociedade devem atravessar três etapas: a teológica, a metafísica e a positiva.

Comte não aceitou o método matemático e propôs a utilização da observação, da experimentação, da comparação e do método histórico. Para Comte, a sociedade era um organismo no qual a ordem não se realiza apenas automaticamente; é possível estabelecer uma ordem planejada, baseada no conhecimento das leis sociais e de sua aplicação racional a problemas e situações concretas.

Spencer, o segundo grande pioneiro, negou a possibilidade de atingir o progresso pela interferência deliberada nas relações entre o indivíduo e a sociedade. Para ele, a lei universal do progresso é a passagem da homogeneidade para a heterogeneidade, isto é, a evolução se dá pelo movimento das sociedades simples (homogêneas), para os diversos níveis das sociedades compostas (heterogêneas). Individualista e liberal, partidário do laissez-faire, Spencer deu mais ênfase às concepções evolucionistas e usou com largueza analogias orgânicas. Distinguiu três sistemas principais: de sustentação, de distribuição e regulador. As instituições são as partes principais da sociedade, isto é, são os órgãos que compõem os sistemas. Seu individualismo expressou-se numa das diferenças que apontou: enquanto no organismo as partes existem em benefício do todo, na sociedade o todo existe apenas em benefício do individual.

Ward compartilhou das idéias de Spencer e Comte mas não incorreu em seus extremos - individualismo e conservadorismo utópico. Deu grande ênfase, porém, ao aperfeiçoamento das condições sociais pela aplicação de métodos científicos e a elaboração de planos racionais, concebidos segundo uma imagem ideal da sociedade.

Depois da fase dos pioneiros, surgiu o chamado período clássico do organicismo positivista, caracterizado por uma primeira etapa, em que a biologia exerceu influência muito forte, e uma segunda etapa em que predominou a preocupação com o rigor metodológico e com a objetividade da nova disciplina.

O organicismo biológico, inspirado nas teorias de Charles Darwin, considerava a sociedade como um organismo biológico em sua natureza, funções, origem, desenvolvimento e variações. Segundo essa corrente, praticamente extinta, o que é válido para os organismos é aplicado aos grupos sociais. A segunda etapa clássica do organicismo positivista, também chamada de sociologia analítica, foi marcada por grandes preocupações metodológicas e teve em Ferdinand Tönnies, Émile Durkheim e Robert Redfield seus expoentes máximos.

Para Tönnies, a sociedade e as relações humanas são fruto da vontade humana, manifesta nas interações. O desenvolvimento dos atos individuais permite o surgimento de uma vontade coletiva. A Tönnies deve-se a distinção fundamental entre "sociedade" e "comunidade", duas formas básicas de grupos sociais que surgem de dois tipos de desejo, o natural e o racional. Segundo Tönnies, não são apenas tipos de grupos mas também etapas genéticas -- a comunidade evolui para a sociedade.

O núcleo organicista da obra de Durkheim encontra-se na afirmação segundo a qual uma sociedade não é a simples soma das partes que a compõem, e sim uma totalidade sui generis, que não pode ser diretamente afetada pelas modificações que ocorrem em partes isoladas. Surge assim o conceito de "consciência coletiva", que se impõe aos indivíduos. Para Durkheim, os fatos sociais são "coisas" e como tal devem ser estudados.

Provavelmente o sociólogo que mais se aproximou de uma teoria sistemática, Durkheim deixou uma obra importante também do ponto de vista metodológico, pela ênfase que deu ao método comparativo, segundo ele o único capaz de explicar a causa dos fenômenos sociais, e pelo uso do método funcional. Afirmou que não basta encontrar a causa de um fato social; é preciso também determinar a função que esse fato social vai preencher. Sociólogos posteriores, como Marcel Mauss, Claude Lévi-Strauss e Mikel Duffrenne, retomaram de forma atenuada o realismo sociológico de Durkheim.

Um dos principais teóricos do organicismo positivista, Redfield analisou a diferença existente entre as sociedades consideradas em sua totalidade e sugeriu a utilização da dicotomia sagrado/secular. Em suas análises utilizou, de forma mais avançada e profunda, a grande tipologia do organicismo positivista clássico, basicamente sociedade/comunidade, e suas diversas configurações.

Teorias do Conflito

Segunda grande construção do pensamento sociológico, surgida ainda antes que o organicismo tivesse alcançado sua maturidade, a teoria do conflito conferiu à sociologia uma nova dimensão da realidade. A partir de seus pressupostos, o problema das origens e do equilíbrio das sociedades perdeu importância diante dos significados atribuídos aos mecanismos de conflito e de defesa dos grupos e da função de ambos na organização de formas mais complexas de vida social. O grupo social passou a ser concebido como um equilíbrio de forças e não mais como uma relação harmônica entre órgãos, não-suscetíveis de interferência externa.

Antes mesmo de ser adotada pela sociologia, a teoria do conflito já havia obtido resultados de grande importância em outras áreas que não as especificamente sociológicas. É o caso, por exemplo, da história; da economia clássica, em especial sob a influência de Adam Smith e Robert Malthus; e da biologia nascida das idéias de Darwin sobre a origem das espécies. Dentro dessas teorias, cabe destacar o socialismo marxista, que representava uma ideologia do conflito defendida em nome do proletariado, e o darwinismo social, representação da ideologia elaborada em nome das classes superiores da sociedade e baseada na defesa de uma política seletiva e eugênica. Ambas enriqueceram a sociologia com novas perspectivas teóricas.

Os principais teóricos do darwinismo social foram o polonês Ludwig Gumplowicz, que explicava a evolução sociocultural mediante o conflito entre os grupos sociais; o austríaco Gustav Ratzenhofer, que utilizou a noção do choque de interesses para explicar a formação dos processos sociais; e os americanos William Graham Sumner e Albion Woodbury Small, para os quais a base dos processos sociais residia na relação entre a natureza, os indivíduos e as instituições.

O darwinismo social assumiu conotações claramente racistas e sectárias. Entre suas premissas estão a de que as atividades de assistência e bem-estar social não devem ocupar-se dos menos favorecidos socialmente porque estariam contribuindo para a destruição do potencial biológico da raça. Nesse sentido, a pobreza seria apenas a manifestação de inferioridade biológica.

Formalismo

A terceira corrente teórica do pensamento sociológico, que definiu a sociologia como o estudo das formas sociais, independente de seu conteúdo, legou à sociologia um detalhado estudo sobre os acontecimentos e as relações sociais. Para o formalismo, as comparações devem ser feitas entre as relações que caracterizam qualquer sociedade ou instituição, como, por exemplo, as relações entre marido e mulher ou entre patrão e empregado, e não entre sociedades globais, ou entre instituições de diferentes sociedades. O interesse pela comparação entre relações permitiu à sociologia alcançar um nível mais amplo de generalização e conferiu maior importância ao indivíduo do que às sociedades globais. Essa segunda característica abriu caminho para o surgimento da psicologia social.

Os dois ramos principais dessa corrente são o formalismo neokantiano e o fenomenológico. O primeiro, baseado na divisão kantiana do conhecimento dos fenômenos em duas classes -- o estudo das formas, consideradas a priori como certas, e dos conteúdos, que seriam apenas contingentes -- teve grandes teóricos nos alemães Georg Simmel, interessado em determinar as condições que tornam possível o surgimento da sociedade, e Leopold von Wiese, que renovou a divisão kantiana entre forma e conteúdo quando a substituiu pela idéia de relação.

Em oposição à interpretação positivista e objetiva do formalismo kantiano, o ramo fenomenológico contribuiu com uma perspectiva subjetivista. Concentrou-se não nas formas ou relações que a priori determinam o surgimento de uma sociedade e sim nas condições sociopsicológicas que a tornam possível. Tem grande importância, portanto, o estudo dos dados cognitivos, isto é, das essências que podem ser diretamente intuídas, para cuja análise o filósofo alemão Edmund Husserl propôs um método de redução a fim de alcançar diversos níveis de profundidade.

Behaviorismo Social

Surgida entre 1890 e 1910, o behaviorismo social se dividiu em três grandes ramos -- behaviorismo pluralista, interacionismo simbólico e teoria da ação social -- e legou à sociologia preciosas contribuições metodológicas. O behaviorismo pluralista, formado a partir da escola de imitação-sugestão representada pelo francês Gabriel Tarde, centralizou-se na análise dos fenômenos de massas e atribuiu grande importância ao conceito de imitação para explicar os processos e interações sociais, entendidos como repetição mecânica de atos.

Os americanos Charles Horton Cooley, George Herbert Mead e Charles Wright Mills são alguns dos teóricos do interacionismo simbólico que, ao contrário do movimento anterior, centralizou-se no estudo do eu e da personalidade, assim como nas noções de atitude e significado para explicar os processos sociais.

O alemão Max Weber foi o expoente máximo do terceiro movimento do behaviorismo, a teoria da ação social. Com seu original método de "construção de tipos sociais", instrumento de análise para estudo de situações e acontecimentos históricos concretos, exerceu poderosa influência sobre numerosos sociólogos posteriores.

Funcionalismo

A reformulação do conceito de sistema foi o centro de todas as interpretações que constituem a contribuição do funcionalismo, última grande corrente do pensamento sociológico e integrada por dois importantes ramos: o macrofuncionalismo, derivado do organicismo sociológico e da antropologia, e o microfuncionalismo, inspirado nas teorias da escola psicológica da Gestalt e no positivismo. Entre os adeptos do funcionalismo estão os antropólogos culturais Bronislaw Malinowski e A. R. Radcliffe-Brown.

O macrofuncionalismo se caracteriza pela unidade orgânica que considera fundamental: os esquemas em larga escala. Foi o italiano Vilfredo Pareto quem permitiu a transição entre o organicismo e o funcionalismo, quando concebeu o conceito de sistema, conferindo-lhe correta formulação abstrata. A forma da sociedade, segundo ele, é determinada pela interação entre os elementos que a compõem e a interação desses elementos com o todo, o que implica a existência de uma determinação recíproca entre diversos elementos: a introdução de qualquer mudança provoca uma reação cuja finalidade é a recuperação do estado original (noção de equilíbrio sistêmico).

O microfuncionalismo desenvolveu-se na área de análise dos grupos em sua dinâmica e não na área do estudo da sociedade como um sistema. O americano Kurt Lewin, com a teoria sobre os "campos dinâmicos", conjuntos de fatos físicos e sociais que determinam o comportamento de um indivíduo na sociedade, abriu novos caminhos para o estudo dos grupos humanos.

Esqueleto ORIENTAL encontrado na Apúlia (Itália do Sul)



Esta é uma notícia interessante:

Pela primeira vez arqueólogos encontraram evidências de que orientais viviam na Itália durante os tempos da Roma clássica.

Arqueólogos canadenses descobriram um esqueleto masculino, datado do primeiro século d.c., em uma antiga propriedade imperial, esqueleto este cujo DNA combina com o dos povos orientais atuais.

Esta descoberta, se comprovada/confirmada, irá retroceder em várias centenas de anos a data do primeiro contato da civilização ocidental com as populações do Oriente; de fato, mais de mil anos antes da famosa viagem de Marco Pólo à China.

“ Nossos dados revelam que alguns dos habitantes de Vagnari (próximo a Bari) vieram de muito além das fronteiras romanas”, disse Tracy Prowse, Professora de antropologia da Universidade de McMaster de Hamilton – Ontário.

“Esta descoberta nos coloca muitas questões referentes à globalização e a mobilidade de populações na época romana” – disse ela no Jornal de antiguidades romanas. “Efetuamos apenas os testes preliminares, mas os resultados são intrigantes”.

A analise do DNA mitocondrial do esqueleto não pode precisar se ele migrou do Oriente para a Apúlia Romana ou se descendia de colonos orientais já fixados na região.

“Este Homem viveu entre o primeiro e o segundo século depois de cristo, mas não podemos afirmar se ele migrou ou se é filho de emigrantes orientais que o precederam”. Disse ela.

Prowse especulou que o homem era “quase certamente um servo ou escravo, já que sua tumba nada continha a não ser os alimentos supostamente necessários para a pós-vida (crença contemporânea ao esqueleto) e outra tumba encontrava-se acima da sua.”

A antropologista apresentou seu estudo “Investigando as origens populacionais e a migração em propriedades imperiais em Vagnari, Sul da Itália”, em uma conferência na Universidade de Oxford, em março de 2010.

A propriedade imperial e necrópole de Vagnari, cerca de 12 km a oeste de Gravina di Puglia, foi descoberta em 2002 e até agora já se encontraram os restos de pelo menos 70 pessoas.

Nos tempos romanos a área era conhecida pelo trabalho com extração de ferro e a produção de tijolos de terracota, cujos restos foram encontrados misturados as tumbas.

É sabido que os antigos romanos comerciavam com territórios hoje conhecidos como Índia, Sri Lanka e China, através de intermediários, mas não existem registros de que povos orientais houvessem migrado para a Itália.

Fonte: www.romanhideout.com

sexta-feira, 18 de março de 2011

Mais um texto que fala de como nossa classe politica trabalha CONTRA o nosso País!

Quando acordaremos, Povo Brasileiro? Quando?


A legitimação do absurdo

Por: Rui Nogueira

As grandes empresas transnacionais e as corporações financeiras não estão mais investindo em fábricas, construções e empreendimentos demorados — investem em políticos.
Preferem assumir empresas prontas, com rentabilidade definida, principalmente “estatais” (as de valor estratégico, antigas empresas de economia mista), que permitem um lucrativo retorno já no dia seguinte a compra. Não há mais a espera pelos resultados dos balanços no fim do ano.
Trabalham com lucros pré-estabelecidos e sob o compromisso de enviá-los, mês a mês, para os acionistas no exterior. Por isto, as empresas que assumem as estatais demitem funcionários antigos, substituindo-os por novos com salários inferiores, frequentemente terceirizados, reduzem o quadro funcional sobrecarregando de trabalho os remanescentes, minimizam os preços dos fornecedores nacionais perseguindo o maior superávit possível, sem qualquer preocupação com o papel social da empresa.
As provas e consequências dessa estratégia de super-exploração residem na obtenção dos maiores níveis de desemprego, a baixa qualidade da produção e as mais avançadas taxas de lucro. Para assumir e ocupar o nosso sistema produtivo, os limites constitucionais, as legislações estaduais e locais —o que houver de empecilho para a ação estrangeira —são contornados com leis (e até simples portarias) espúrias, sob rótulos de reformas, “modernizações” e “qualificações”. Numa palavra, a legitimação do absurdo obtida pela via da baixa política nos altos esquemas. A Constituição de 88 estabelece que o subsolo é da União. A exploração deve ser feita por empresa 100% nacional, mas contornaram a lei maior com a lei espúria, inconstitucional, que permite até exportação do petróleo que a Petrobrás, com tecnologia própria, descobriu na Bacia de Campos.
Legitimação do absurdo!
Água nossa, lucro estrangeiro
A Constituição inclui, entre os bens do Estado, as águas superficiais ou subterrâneas, emergentes ou em depósitos, não outorgando dotar a água de valor econômico, o que equivaleria transformá-la em mercadoria.
Entretanto, em 8 de janeiro de 1997, a Lei Federal 9.433 surgiu, considerando a água “um recurso natural limitado”, dotado de valor econômico. A água passou a ser mercadoria. Com isto estão “legitimando” uma gestão em que as grandes corporações estrangeiras do cartel das águas tomam conta dos mananciais, dominam o comércio de águas minerais, as águas industrializadas (água purificada adicionada de sais) e controlam as empresas municipais de água. Criou-se a situação de pagarmos ao estrangeiro para bebermos a nossa água brasileira.
Simples portaria, sem nenhum valor de lei, a de n° 580 do Ministério da Justiça, foi usada para concretizar a maior farsa já desenvolvida no Brasil: a farsa Ianomâmi. Neste episódio, houve pressão de senadores americanos junto ao seu governo no sentido de coagir o Brasil a demarcar uma gigantesca área na Amazônia, a mais rica província mineral do planeta, como área Ianomâmi, por ocasião da ECO-92.
Não podiam, pura e simplesmente, dizer que estavam querendo ocupar a área que por direito, história e posse é brasileira. Então, uma repórter belga, sem estudos antropológicos, anunciou e logo foi divulgada em todo o mundo a existência dos Ianomâmis —em realidade vinda de tribos miacãs, maiougongues, de territórios distintos e violados, com características físicas e uso de artefatos diferentes —para criar uma idéia de nação destinada à proteção internacional. A legitimação do absurdo, oficialização da farsa!
É difícil entender porque na África e no próprio USA há tanta luta para impedir a segregação racial e no Brasil tanto empenho para manter os índios segregados.
Os que nada pagam
Há uma veemente e vigorosa divulgação da necessidade de exportar. Manchetes nocivas preenchem as capas dos jornais destacando a liderança brasileira em exportações de soja, ferro, frango, suco de laranja.
Não dizem que o investimento das transnacionais nos políticos já deu frutos e estabelecem uma legislação contrária aos princípios de uma economia verdadeiramente nacional, que concede isenção total dos impostos nas exportações.
Internamente, a maior carga tributária do mundo para exportação obtém, ao mesmo tempo, total isenção.
Absurdo legitimado!
Numa siderúrgica próxima a Belo Horizonte perguntamos:
— O ferro-gusa produzido aqui é vendido para onde?
— Mais de 90% é exportado. Não paga nem um centavo de imposto.
— E se for vendido para uma destas indústrias de artefato de ferro aqui perto?
— Paga quase 30% de impostos.
Suco de laranja é exportado com total isenção de impostos e ao chegar nos Estados Unidos paga 30% de taxa. Significa que o trabalho do brasileiro não traz nenhuma arrecadação para o governo brasileiro melhorar a nossa vida, mas beneficia várias vezes e altamente o governo americano. O que dizer?
A soja sai a um preço vil, isenta de impostos, e vai ser ração de bicho no exterior. O café de melhor qualidade é exportado a 40 dólares a saca de 60 quilos (também não paga impostos). Torrefado, a saca se reduz a 48 quilos. Em pó, nas cafeteiras americanas — com o café expresso a 1,75 a xícara — a saca de café rende 11.760 dólares, o que permite bom padrão de vida para o dono, os empregados e até para o limpador de latrinas da cafeteria. Enquanto isso, o brasileiro que colhe o café ganha 2 (dois) reais por dia — o que nem se pode chamar de salário.
O absurdo sistema de comércio internacional não permite que o trabalhador, produtor da riqueza natural, consiga criar com dignidade os seus filhos!
Exportar com isenção de impostos é “legitimar” a miséria do nosso povo para engordar a exploração dos dominantes. Quem fez a lei de isenção de impostos para exportação? A quem beneficia? Competitividade ou burrice?
Exportar de qualquer jeito para conseguir dólares destinados aos pagamentos dos juros. Esta é a sistemática da disparatada política de comércio exterior.
Que dizer dos financiamentos desnecessários para obras em que tudo é pago com a própria moeda brasileira? Dinheiro do exterior para jardim, meios-fios, calçadas, terraplanagens, recapeamento de ruas e estradas... Obras que apenas se contabilizam no pagamento de juros e aumento da dívida com os acréscimos dos rendimentos e comissões na ciranda da especulação financeira.
Que dizer quando esta dívida é corrigida pela taxa básica (Selic) estabelecida pelo próprio governo, diversas vezes maior que a americana e sendo a maior do mundo?
Quantas portarias e falas repetitivas para dar impressão de que isto é legítimo! Autoridades chancelam absurdos beneficiando os especuladores estrangeiros.
Uma região serrana, com muitas nascentes de ótima água mineral em suas encostas, tem o seu serviço de águas organizado pelo município.
Aparece na Câmara de Vereadores uma lei que autoriza transferir para uma empresa concessionária todos os bens e instalações vinculadas do serviço de água e esgoto do município, concedendo um prazo de trinta anos para tais operações.
Há proibição de qualquer cobrança tarifária, isenção de todos os impostos, taxas e emolumentos pelo mesmo período da concessão.
A lei foi rejeitada por unanimidade na 1ª votação e depois aprovada com apenas três votos contra. Dizem que houve “investimento” da transnacional estrangeira neste episódio. As transnacionais pegam os serviços prontos, com rentabilidade garantida, sucateiam, demitem empregados, aumentam tarifas, readmitem ex-empregados, agora terceirizados, por um décimo do salário que tinham. E estas empresas transnacionais fazem vídeos bonitos, contratam espoletas para enganar a opinião pública. Com um discurso de cuidar da água, economizar, defender o meio ambiente, nada mais fazem que desencadear um gigantesco processo de exploração dos nossos recursos, de sugar nossas riquezas, drenando crescentes rendimentos para o exterior.
O que é pior, fazem tudo “dentro da lei”. Que lei? A legitimação do absurdo!

terça-feira, 15 de março de 2011

Desindustrialização, Ambientalismo e Política Externa e Interna

Amigos,

O comentário abaixo é extremamente pertinente e segue para àqueles que ainda acreditam em SOBERANIA NACIONAL e PATRIOTISMO, valores que sofrem um incessante ataque na sociedade neo-liberal atual em que vivemos...

Sua pertinência auto-explicativa e tão explicita me obriga a compartilhar-lo convosco, segue portanto o texto:


Defesa@Net 18 Abril 2010

Comentário de Gelio Fregapani


Sinal amarelo - Desmantelamento do nosso parque industrial
Os EUA, sentindo a crise que se avulta, inicia a levar de volta as indústrias que terceirizaram pelo mundo. Recentemente a Carterpilar decidiu (ou foi obrigada) a regressar, deixando o Brasil. Outras certamente a seguirão.

Aqui, como nos EUA, empresários lucraram bastante mandando fabricar barato na China, mesmo ao custo do fechamento de suas fábricas.

Enquanto terceirizam e ganham no curto prazo perdem o Know How e o mercado nacional. Os chineses ficarão com a produção. Por cegueira e cobiça desmantelam os nossos parques industriais. Reerguer as fábricas pode não ser fácil. Não podemos impedir aos EUA de levar suas fábricas, mas podemos evitar de exportar as nossas.

Movimentos Sociais e Ambientalistas
Graças as terras férteis, adequada insolação, abundancia de água e principalmente ao labor de nossa gente, o agronegócio no “arco desmatamento” (de Rondônia ao Piauí) produz os alimentos mais baratos do mundo, garantindo o superávit comercial do nosso País. Por orientação estrangeira é o alvo prioritário do MST e do Ibama, que chama de “terras devastadas” toda a usada pela agropecuária. Para evitar a ocupação eles impedem os trabalhos no “meião” da BR 319, a única ligação terrestre com a Amazônia Ocidental

É evidente que interessa ao G-7 impedir a ocupação e a exploração da Amazônia por nós. Suas riquezas são conhecidas e cobiçadas. Os estrangeiros já estão lá, através de ONGs, instituições ditas religiosas e outras, com a cumplicidade de maus brasileiros, impedindo o progresso. Interessa-lhes a manutenção da “intocabilidade” formal da região para nós, brasileiros, pois não só querem evitar o surgimento de um novo “Japão” ao sul do equador como sabem que necessitarão dos recursos minerais para manter seu nível de vida.
Se conseguirmos povoar a nossa Amazônia teremos ganho a guerra.

Dois pesos e duas medidas nas relações internacionais
Não existem amigos nas relações internacionais. Existem interesses. A diplomacia deveria atuar em proveito dos interesses nacionais e não em nome de utópicos conceitos de ordem ideológica ou na ilusão de que cedendo obteremos a boa vontade do interlocutor. Todos tentarão impor sempre mais em proveito de seu povo, em detrimento dos demais.

As concessões feitas pelo atual governo às exigências de outros países culminam com a absurda pretensão formulada pelo Paraguai de “perdão” da dívida de US$ 19 bilhões, relativa à Itaipu. Ficamos em uma situação esdrúxula.

Explorados pelos desenvolvidos em nome do cumprimento de acordos, aceitamos a argumentação injusta de países mais pobres, mas nada questionamos diante dos mais ricos. Até por questão de coerência devemos adotar uma política uniforme. Em nome dos mesmos princípios, deveriamos ter idêntica postura em relação aos nossos credores. Não é possível ser explorado por ambos os lados.

A grande usina de Belo Monte – A pressão internacional
Quando o governo decidiu realizar a construção da usina, impedi-la se tornou a meta do ambientalismo internacional. Durante anos o projeto ficou engavetado pela Marina Silva e seu Ibama. Agora o movimento é liderado pelo badalado diretor de cinema James Cameron, que visitou o país para discutir o assunto com líderes indígenas. Diz ele que baseou o planeta fictício de “Avatar” nas florestas tropicais da região, e que é inegável a semelhança do tema de seu filme com a vida real.

James Cameron escreveu uma carta para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pedindo para que ele reconsidere a hidrelétrica. Está preocupado com os direitos dos povos indígenas de continuar na idade da Pedra (mas com TV por satélite). Não se interessa por idêntico direito no Afeganistão.

Até pelas nossas leis seria proibido a estrangeiros fazer manifestações contra atos do governo. Vai ficar por isto mesmo?

Acordo problemático

Ainda que traga algo de bom, deve ser mais bem estudado o acordo militar com os Estados Unidos. Acordos se fazem contra inimigos comuns.

Eu freqüentei a escola das Américas, no Panamá. Eram cursos muito bons e então tínhamos um inimigo comum, e nossos militares nunca aceitaram a submissão como o fizeram alguns dos demais “hermanos”. Começa por sermos os únicos a usar uniforme próprio e a não aceitar pagamentos.

Agora os potencialmente inimigos não são comuns. São eles mesmos. Acordos dessa natureza devem ser discutidos, previamente, com a sociedade e com o Congresso. É provável que não seja homologado no Legislativo. Talvez um dos interesses seja sabotar os nossos entendimentos com os parceiros do Bric, e da Unasul, ou quem sabe, facilitar-lhes o controle da Amazônia.

Marina Silva – a pior alternativa
Dificilmente haverá alguém que fez tanto mal ao Brasil na última década do que essa farsa chamada Osmarina Silva, a ex-ministra do atraso. Conseguiu as mais restritivas leis ambientais do mundo; fez o possível para inviabilizar a agricultura, a pecuária e toda a produção econômica. Seu papel ao longo dos anos foi impedir estradas hidrelétricas e agricultura. Financiou, com suas absurdas multas as ONGs corruptas, candidatos do PT e seu companheiro de quarto. É dessas candidaturas que empolgaram a bonequinhas delicadas e sensíveis, mas suas aspirações etéreas, tomadas como metas de governo, como projeto de país, são um perigo assustador! Perderá a eleição, mas seu falacioso apelo pelo atraso influenciará o discurso dos demais, que querem aproveitar a onda do ambientalismo internacional, feito sob medida para evitar concorrências.! O mundo ideal dela a volta à Idade da Pedra sem combustão, sem eletricidade, sem tecnologia na agricultura, onde todos de preferência seriam vegetarianos.

"Povos Indígenas Ressurgidos"
Ouvi e acredito: - Uma procuradora da república no Amazonas, informada que agentes da FUNAI estavam vendendo carteira de índio brasileiro inclusive a a estrangeiros na fronteira com Colômbia e Perú, teria respondido que isso era bom, que precisavam aumentar o número de índios.
Pior que prevaricar é trair a própria Pátria. Às vezes um AI-5 faz falta.

Que Deus guarde a todos vocês
Gelio Fregapani

Informo aos meus correspondentes que já me encontro instalado em Porto velho, RO. Por estar escrevendo um livro sobre a doma do rio Madeira, não conseguirei manter o comentário semanalmente, mas o mandarei com a freqüência possível. GF

Resumo sobre Durkheim

TESKE, Ottmar (Coord). Sociologia: textos e contextos. Canoas: Ed da ULBRA,1999

Émile Durkheim

Sua obra e contexto histórico escrito por Ottamar Teske trata sobre este pensador clássico que foi responsável por marcar a etapa mais decisiva na consolidação acadêmica da sociologia, contribuindo para emancipá-la das demais ciências e definindo com precisão o objeto, o método e a aplicação desta nova ciência. Nascido na França, descente de rabinos, Durkheim, diferenciou-se se sua família, logo na adolescência, ao se tornar agnóstico, voltando-se a religião apenas pelo lado acadêmico. Contrariado com a formação religiosa e com a educação que recebeu, passou a se interessar pela sociologia científica, objetivando aprender os métodos científicos e os princípios morais que guiavam a vida social. Em seu país de origem, implantou o primeiro curso de ciência social em uma universidade, visando deter a degeneração moral que percebia na sociedade francesa. Publicou a tese A divisão do trabalho social e As regras do método sociológico. Ao descrever a vida e os princípios desse pensador, o autor enfatiza a característica de não-conservador de Durkheim e afirma que diferente do pensamento de Karl Marx, para ele o socialismo representava um movimento que tinha como objetivo regenerar a moralidade na sociedade por meio de uma metodologia cientifica, sem interessar-se nem um pouco pelos procedimentos políticos e econômicos enfatizados por Karl Marx. Teske também, dá bastante atenção aos pressupostos básicos da teoria funcionalista de Durkheim e apresenta o objeto da sociologia definido pelo pensador: Fato Social. Que é conceituado por ele mesmo como toda maneira de agir, pensar e sentir, fixada ou não susceptível de exercer sobre o indivíduo uma coerção exterior; ou então, que é geral no âmbito de uma sociedade, tendo, ao mesmo tempo, uma existência própria, independente de suas manifestações individuais. Portanto, para que um acontecimento seja considerado fato social o autor faz menção a três características necessárias: - Ser exterior ao indivíduo, isto é, ser provindo da sociedade e não dos indivíduos, existindo independentemente da vontade do ser humano. - Exercer uma coerção social sobre os indivíduos, ou seja, Ter um poder imperativo sobre as pessoas no seu modo de agir, de modo que estas devem apenas respeitar-las e não modificar-las. - Ser geral, isto é, deve se repetir com a grande maioria dos indivíduos. O texto exemplifica esse conceito ao falar da nossa própria sociedade, na questão de que se um indivíduo não respeita as regras pré-estabelecidas (tais com moda, costumes, idioma, religião), este acaba sendo muitas vezes, rejeitado, independente da sua concordância com estas decisões já existentes. Para analisar o social, Durkheim inspirou-se no positivismo, isto é, analisou a sociedade de forma objetiva, olhando o fato como se fosse um objeto, descrevendo o seu funcionamento de forma imparcial, neutra. Através dessa análise, procurou provar que os fatos sociais independem daquilo que pensa ou faz cada indivíduo em particular, provando assim, que os mesmos têm existência

própria. Através dessa afirmação o autor do texto, observa que apesar das pessoas terem suas vontades próprias (consciência individual), existe implicitamente no interior de cada grupo um comportamento padrão, independe do que cada ser particular. Através disso, surge-se a idéia de consciência coletiva, que conforme Durkheim é definida como o conjunto de crenças e de sentimentos comuns à média dos membros de uma mesma sociedade que forma um sistema determinado com vida própria. Em sua obra A divisão social do trabalho, Durkheim abordou a solidariedade de modo a tentar compreender esta questão da consciência coletiva, de como ela consegue garantir a harmonia dentro da sociedade. Essa análise das relações entre os indivíduos e o grupo o qual eles vivem, objetivou analisar e entender as razões da solidariedade entre as pessoas, de onde vem esta coesão e como se conserva. A partir daí, surge-se a caracterização de solidariedade mecânica e solidariedade orgânica. A primeira provém da sociedade précapitalista, que se mantém unida devido aos seus membros possuírem características iguais, de modo que nenhum individuo se diferencie. A coesão ocorre devido à uniformidade. Já a segunda é caracterizada pela divisão do trabalho, onde cada um possui funções diferentes, forçando a necessidade de integração das pessoas. Analisando essas duas definições, o autor afirma que a solidariedade orgânica atinge o seu auge nas sociedades modernas, pois estas favorecem a especialização dos indivíduos e grupos, integrando-os em uma cadeia de dependência mutua. A partir desses conceitos, Teske desencadeia o seu texto falando da anomia, definido por ele mesmo como a ausência de regras claramente definidas que regulem o comportamento dos indivíduos na sociedade, ou seja, anomia é um momento de desregularização, não há lei nem regras, os indivíduos sentem-se perdidos, sem valores de comportamentos para seguirem. Para Durkheim desse momento totalmente sem rumo, surge-se o suicídio anômio, que se produz devido ao enfraquecimento da moral coletiva e da ausência de uma legislação forte que regre as paixões causadas pela sociedade moderna. Durkheim caracterizou os suicídios em três tipos: - Suicídio egoísta: devido à diminuição da proteção que determina a coesão de certos grupos ou instituições, onde o individuo chega a um ato extremo devido apenas a motivos pessoais, individualistas. - Suicídio altruísta: os suicídios mais freqüentes nas sociedades de solidariedade mecânica, ocorrido devido a mártires religiosos, o individuo dá a sua vida em função de uma causa. - Suicídio anômico: é o suicídio devido a um estado onde as normais sociais estão ausentes, dadas à ocorrência de uma crise dolorosa ou súbitas transformações na sociedade, de modo que ela deixe de cumprir a sua função reguladora.

Dando continuidade ao texto, o autor conceitua alguns termos, são estes: Direito repressivo: Compreende tudo aquilo que, em linguagem jurídica, denomina-se direito penal. Direito restitutivo: Inclui o direito civil, comercial, processual, administrativo e constitucional. Estes termos provem da sua explicação quanto à transformação da sociedade simples, pré-capitalista, unida pela solidariedade mecânica, caracterizada pelo direito repressivo, para uma sociedade complexa, capitalista, unida pela solidariedade orgânica, caracterizada pelo direito restitutivo. Onde o progresso da divisão do trabalho surge como o responsável pelo processo evolutivo que liga as formas de sociedade mais simples às mais complexas, e o uso do direito nessa ligação veio a contribuir para proporcionar um maior sentido de justiça e qualidade de vida aos indivíduos. Diante de todas estas situações quanto à sociedade, o texto mostra que Durkheim tem uma visão otimista, acreditando que, com o progresso desencadeado com o capitalismo, ocorreria um aumento generalizado na divisão do trabalho social e, consequentemente, da solidariedade orgânica, fazendo com que a sociedade chegasse a um estágio sem conflitos. Ele dizia: A sociedade é boa, sendo necessário apenas curar suas doenças . Para resolver os problemas sociais, o pensador clássico não concordava com lutas, mas sim, na compreensão de todo o funcionamento da sociedade capitalista, observando suas leis sociais, descobrindo e principalmente resolvendo as suas falhas, mas sempre respeitando a época a situação vigente. Ele acreditava que a causa desses problemas não eram de caráter econômico, mas sim de não cumprimento das leis, no que ele chamava de crise moral. Portanto, dava ao estado a responsabilidade de facilitar e impulsionar a realização das mudanças sociais necessárias para atingir a solução dos problemas, porém, essa responsabilidade também era repassada a família e a religião. As resoluções dos problemas sociais, segundo Durkheim poderiam ser efetivadas através de uma reforma estrutural de desenvolvimento das associações profissionais, ou seja, um único grupo social capaz de favorecer a integração do individuo na coletividade. O texto faz uma comparação da religião com a consciência coletiva, citada anteriormente, ele cita que à medida que a sociedade complexa cresce e se especializa, a religião vai perdendo o domínio, passando a se constituir apenas em uma entre várias representações coletivas. Na seqüência, descreve as condições necessárias para o desenvolvimento da religião: 1) Apresentação de um conjunto de crenças religiosas. 2) Um conjunto de ritos. 3) Um templo, uma comunidade moral. E posteriormente, descreve o conceito de totemismo primitivo: uma forma específica e clara da consciência coletiva na sociedade primitiva. Que para

Durkheim, demonstra o caráter social da origem da religião e suas raízes na estrutura social do clã. Enfim, o autor conclui constatando que Émile Durkheim era absolutamente contrário à revolução, ele era considerado um reformador, pois se preocupava com melhorias no funcionamento da sociedade, acreditando que os grupos poderiam se unir, formando as corporações ou associações profissionais, bem diferentes de Marx, que afirmava a existência de grandes diferenças entre trabalhadores e empresários. Durkheim defendia a criação destas associações objetivando restaurar a moralidade coletiva, que era uma constante nas sociedades complexas, ele também acreditava que dessa forma era possível corrigir algumas patologias comuns na divisão social do trabalho. Se estas modificações não acontecessem, não seriam resolvidos os problemas culturais que invadiam o mundo moderno. Ele nunca abandonou a convicção de que a sociedade ocidental de seu tempo atravessava uma grande crise, e a causa desta crise se centrava na relação patológica da autoridade moral sobre a vida dos indivíduos.

Autor: Ottmar Teske

Resumo sobre Comte

Comte, cujo nome completo era Isidore-Auguste-Marie-François-Xavier Comte, nasceu em 19 de janeiro de 1798, em Montpellier, e faleceu em 5 de setembro de 1857, em Paris. Filósofo e auto-proclamado líder religioso, deu à ciência da Sociologia seu nome e estabeleceu a nova disciplina em uma forma sistemática.

Foi aluno da célebre École Polytechnique, uma escola em Paris fundada em 1794 onde se ensinava a ciência e o pensamento mais avançados da época. De família pobre, sustentou seus estudos com o ensino ocasional da matemática e oportunidades no jornalismo.

Um de seus primeiros empregos foi o de secretário do Conde Henri de Saint-Simon, o primeiro filósofo a ver claramente a importância da organização econômica na sociedade moderna, e cujas idéias Comte absorveu, sistematizou com um estilo pessoal e difundiu.

Comte foi apresentado ao filósofo, então diretor do periódico Industrie, no verão de 1817. Saint-Simon, um homem de fértil, mas tumultuada e desordenada criatividade, então quase sessenta anos mais velho que Comte, foi atraído pelo jovem brilhante que possuiu a capacidade treinada e metódica para o trabalho que lhe faltava. Comte tornou-se seu secretário e colaborador próximo, na preparação de seus últimos trabalhos. Quando Saint-Simon experimentou problemas financeiros, Comte permaneceu sem pagamento tanto por razões intelectuais como pela esperanças da recompensa futura.

Os esboços e os ensaios que Comte escreveu durante os anos da associação próxima com Saint-Simon, especialmente entre 1819 e 1824, mostram inequivocamente a influência do mestre. Esses primeiros trabalhos já contêm o núcleo de todas suas idéias principais, mesmo as mais tardias.
Em 1824 Comte desentendeu-se com Saint-Simon por questões de autoria legítima de ensaios que Comte devia publicar. A solução, que Comte considerou injusta, foi que cem cópias do trabalho saíram sob o nome de Comte, enquanto mil cópias, intituladas Catechisme des industriels indicavam a autoria de Henri de Saint-Simon. Outra causa do rompimento foi, ironicamente, Comte desdenhar a idéia de um paradigma religioso no projeto de Saint Simon, ele, Comte, que depois haveria de adotar essa idéia proclamando a si mesmo como sumo sacerdote da Humanidade.
Em fevereiro 1825 Comte se casou com Caroline Massin, proprietária de uma pequena livraria, uma moça que ele já conhecia a alguns. Comte a achava forte e inteligente, mas depois taxou-a de ambiciosa e desprovida de afetividade. O casamento foi sempre tumultuado por motivos financeiros, uma vez que Comte não conseguia uma posição com salário fixo e contava apenas com os rendimentos das aulas particulares e alguma renda adicional por colaborações a jornais, mais freqüentemente para o Producteur, um jornal fundado pelos filhos espirituais de Saint-Simon após a morte do mestre.

Depois de se afastar de Saint Simon, a principal preocupação de Comte tornou-se a elaboração de sua filosofia positiva. Não tendo nenhuma cadeira oficial da qual expor suas teorias, decidiu oferecer um curso particular que os interessados subscreveriam adiantado, e onde divulgaria sua Summa do conhecimento positivo. O curso abriu em abril, 1826, com a presença de alguns curiosos ilustres como Alexander von Humboldt, diversos membros da academia das ciências, o economista Charles Dunoyer, o duque Napoleon de Montebello, e Hippolyte Carnot, filho do organizador dos exércitos revolucionários e irmão do cientista Sadi Carnot, e vários estudantes da Ecole Polytechnique.
Comte deu apenas três aulas e foi obrigado a interromper o curso devido a um colapso nervoso. Seu mal foi diagnosticado como " mania " no hospital do famoso Dr. Esquirol, autor de um tratado sobre a doença. Ele próprio submeteu Comte a um tratamento com banhos de água fria e sangrias. Apesar de não receber alta, Comte foi levado para casa por Caroline

Após o retorno para casa, Comte caiu em um estado melancólico profundo, e tentou mesmo o suicide jogando-se no rio Sena. Somente em agosto 1828 logrou sair de sua letargia. O curso das conferências foi recomeçado em 1829, e Comte ficou satisfeito outra vez por encontrar na audiência diversos nomes de grandes das ciências e das letras.

Durante os anos 1830-1842, quando escreveu sua obra prima, Cours de philosophie positive, Comte continuou a viver miseravelmente na margem do mundo acadêmico. Todas as tentativas de ser apontado de para uma cadeira no Ecole Polytechnique ou para uma posição na Academia das ciências ou na faculdade de França foram infrutíferas. Controlou somente em 1832 a ser apontado assistente de "analyse et de mecanique " no Ecole; cinco anos mais tarde foi dado também as posições do examinador externo para a mesma escola. A primeira posição trouxe valiosos dois mil francos e o segundo um pouco mais. Mas era pouco para as despesas que tinha com a esposa e por isso continuou com as aulas particulares para escapar da faixa de pobreza.

Durante os anos da concentração intensa quando escreveu o Cours, Comte foi incomodado não somente por dificuldades financeiras e as frustradas tentativas de emprego acadêmico. Também sofreu críticas do mundo científico por parte de importantes figuras que o ridicularizavam pela sua pretensão de submeter ao seu sistema todas as ciências. A mágoa agravou seu estado psicológico. Por razões "de higiene cerebral", decidiu-se, em 1838, a não ler mais uma linha de qualquer trabalho científico, limitando-se à leitura de ficção e poesia. Em seus últimos anos o único livro que haveria de ler repetidamente seria o "Imitação de Cristo". Sua vida matrimonial, que sempre fora tempestuosa, também se desfez.. Comte teve várias separações de Caroline, que não suportava os seus fracassos e terminou por deixá-lo definitivamente em 1842.

Só e isolado, continuou a atacar os cientistas que se recusaram a reconhecê-lo. Queixou-se de seus inimigos aos ministros do Rei, escreveu cartas delirantes à imprensa e atormentou a paciência de seus poucos restantes amigos. Criando demasiado inimigos na Ecole Polytechnique, sua nomeação como o examinador não foi renovada em 1844. Perdeu com isto a metade de sua renda. (iria perder também a posição de assistente na Ecole em 1851.)

Contudo apesar de todos estas adversidades, Comte começou lentamente a adquirir discípulos. E mais importante para ele foi que, além de encontrar alguns discípulos franceses notáveis, tais como o eminente intelectual Emile Littre, era o fato de que sua doutrina positiva havia atravessado o Canal e recebera considerável atenção na Inglaterra. David Brewster, um físico eminente, saudou-o nas páginas do Edinburgh Review em 1838 e, o mais gratificante de tudo, John Stuart Mill transformou-se em seu admirador, citando-o em seu System of Logic (1843) como um dos principais pensadores europeus. Comte e Mill se corresponderam regularmente, e serviu a Comte não somente para refinar seus pensamentos como também para desabafar com o filósofo inglês as tribulações de sua vida conjugal e as dificuldades de sua existência material. Mill arrecadou entre admiradores britânicos de Comte uma soma considerável em dinheiro e lhe enviou como socorro para suas dificuldades financeiras.
No mesmo ano de 1844, Comte con
heceu Clotilde de Vaux, por quem se apaixonou. Ela era uma mulher de trinta anos abandonada pelo marido, um funcionário público do baixo escalão, que havia fugido do país depois de se apropriar de fundos do governo. Um irmão de Clotilde que havia sido aluno de Comte na Escola Politécnica, e o convidou a ir à casa de seus pais, onde lhe apresentou a irmã.

Comte ficou inteiramente seduzido por ela. Sua paixão tem, porém, um desdobramento inusitado. Clotilde está impedida pela lei de casar-se achando-se o seu marido foragido.
Auguste Comte tinha então quarenta e sete anos, e havia se separado três anos antes de sua mulher. Acabara de concluir seu monumental Cours de philosophie positive, e se preparava para escrever o que pretendia que seria sua principal obra, o Système de politique positive. da qual ele considerava o Cours de philosophie como apenas uma introdução. Entusiasmado com a própria paixão, Auguste Comte afirma que nada pode ser mais eficaz para o bem pensar que o bem querer, e se torna um abrasado feminista. Afirma que a mulher encarna o sentimento e portanto, em última análise, a própria Humanidade. Busca então seriamente associar o sexo feminino, na pessoa de Clotilde, à obra de renovação social e moral que se impôs completar. Clotilde tenta colaborar, através de um romance filosófico, Wilhelmine, que ela se põe febrilmente a escrever. Mas adoece de tuberculose e vem a falecer em 1846.

Comte irá devotar o resto de sua vida à memória do "seu anjo". O Système de politique positive, que tinha começado a esboçar em 1844 e no qual completou sua formulação da sociologia., iria transformar-se em um memorial a sua amada. Cinco anos mais tarde, em 1851, ao publicar essa obra, dedicou-a a Clotilde, dizendo esperar que a humanidade, reconhecida, haveria de lembrar sempre seu nome junto ao dela.

No Système de politique positive, Comte, voltando-se contra a doutrina do mestre Saint-Simon, defendeu a primazia da emoção sobre o intelecto, do sentimento sobre a racionalidade; e proclamou repetidamente o poder curativo do calor feminino para a humanidade dominada por tempo demasiado pela aspereza do intelecto masculino. Por outro lado, maquiou a proposta de disciplina eclesiástica de Saint-Simon criando a Religião da Humanidade.

Quando o Système apareceu entre 1851 e 1854, Comte escandalizou e perdeu a maioria dos seguidores racionalistas que ele havia conquistado com tanta dificuldade nos últimos quinze anos. John Stuart Mill e Emile Littre não aceitaram que o amor universal fosse a solução para todas as dificuldades da época. Tão pouco aceitariam a Religião da Humanidade da qual Comte se proclamou agora o sumo sacerdote. A observação dos rituais múltiplos segundo o calendário anual, os detalhes da elaborada liturgia indicavam que o antigo profeta do estágio positivo havia regressado às trevas do estágio teológico. Comte passou a assinar suas circulares - aos novos discípulos que conseguiu reunir - como "fundador da religião universal e sumo sacerdote da humanidade". Tentou converter o Superior Geral dos Jesuítas à nova fé e comparou suas circulares aos discípulos com as epístolas de São Paulo. Fundou a Societé Positiviste, que se transformou no centro principal de seu ensino. Os membros se cotizaram para assegurar a subsistência do mestre e fizeram os votos de espalhar sua mensagem. As missões se instalaram, na Espanha, Inglaterra, Estados Unidos, e na Holanda.
Cada noite, das sete às nove, exceto nas quartas-feiras quando a Societé Positiviste tinha sua reunião regular, Comte recebia seus discípulos em sua casa em Paris: políticos, intelectuais e operários, que lhe votavam grande respeito e veneração. Comte estava longe do entusiasmo republicano e libertário de sua juventude. O moto da Igreja Positiva era amor, ordem e progresso O jovem estudante de passeata agora pregava as virtudes do amor, da submissão e a necessidade da ordem para o progresso social.

Em 1857, Comte, após alguns meses de enfermidade, faleceu a cinco de setembro. Um grupo pequeno de discípulos, de amigos, e de vizinhos seguiu seu esquife ao cemitério de Pere Lachaise. Seu túmulo transformou-se no centro de um pequeno cemitério positivista onde estão sepultados, perto do mestre, seus discípulos mais fiéis.

Pensamento. A contribuição principal de Comte à filosofia do positivismo foi sua adoção do método científico como base para a organização política da sociedade industrial moderna, de modo mais rigoroso que na abordagem de Saint Simon. Em sua Lei dos três estados ou estágios do desenvolvimento intelectual, Comte teoriza que o desenvolvimento intelectual humano havia passado historicamente primeiro por um estágio teológico, em que o mundo e a humanidade foram explicados nos termos dos deuses e dos espíritos; depois através de um estágio metafísico transitório, em que as explanações estavam nos termos das essências, de causas finais, e de outras abstrações; e finalmente para o estágio positivo moderno. Este último estágio se distinguia por uma consciência das limitações do conhecimento humano. As explanações absolutas consequentemente foram abandonadas, buscando-se a descoberta das leis baseadas nas relações sensíveis observáveis entre os fenômenos naturais.

Comte tentou também uma classificação das ciências; baseada na hipótese que as ciências tinham desenvolvido da compreensão de princípios simples e abstratos à compreensão de fenômenos complexos e concretos. Assim as ciências haviam se desenvolvido a partir da matemática, da astronomia, da física, e da química para a biologia e finalmente a sociologia. De acordo com Comte, esta última disciplina não somente fechava a série mas também reduziria fatos sociais as leis científicas e sintetizaria todo o conhecimento humano.

Embora Comte não fosse dele o conceito de sociologia ou da sua área de estudo, ele ampliou seu campo e sistematizou seu conteúdo. Dividiu a Sociologia em dois campos principais: Estática social, ou o estudo das forças que mantêm unida a sociedade; e Dinâmica social, ou o estudo das causas das mudanças sociais.

Dando nova roupagem às idéias de Hobbes e Adam Smith, afirmou que os princípios subjacentes da sociedade são o egoísmo individual, que é incentivado pela divisão de trabalho, e a coesão social se mantém por meio de um governo e um estado fortes.

Como Saint Simon, queria a administração real do governo e da economia nas mãos dos homens de negócios e dos banqueiros, porém dá um toque pessoal seu, com origem em sua paixão por Clotilde, dizendo que a manutenção da moralidade privada seria competência das mulheres como esposas e mães.

Dando ênfase a hierarquia e obediência, rejeitou a democracia, sustentando que o governo ideal seria constituído por uma elite intelectual. Seu conceito de uma sociedade positiva está no seu Système de politique positive ("Sistema de Política Positiva").

Como Saint-Simon, ele veio a adotar a idéia de que a organização da igreja católica romana, divorciada da teologia cristã, podia fornecer um modelo estrutural e simbólico para a sociedade nova, idéia que, no entanto, fora uma das causas alegadas para seu rompimento com o mestre. Comte substituiu a adoração a Deus por uma "religião da humanidade"; um sacerdócio espiritual de sociólogos seculares guiaria a sociedade e controlaria a instrução e a moralidade pública.
Comte viveu para ver sua obra comentada extensamente em toda a Europa. Muitos intelectuais ingleses foram influenciados por ele, e traduziram e promulgaram seu trabalho. Seus devotos franceses tinham aumentado também, e mantinha uma correspondência volumosa com sociedades positivistas em todo o mundo.

A Habilidade particular de Comte era como um sintetizador das correntes intelectuais as mais diversas. Tomou idéias principalmente dos filósofos modernos do século XVIII. De Saint-Simon e outros reformadores franceses menores Comte tomou a noção de uma estrutura hipotética para a organização social que imitaria a hierarquia e a disciplina existente na igreja católica romana. De vários filósofos do Iluminismo adotou a noção do progresso histórico e particularmente de David Hume e Immanuel Kant tomou sua concepção de positivismo, ou seja, a teoria de que o Teologia e a Metafísica são modalidades primárias imperfeitas do conhecimento e que o conhecimento positivo é baseado em fenômenos naturais e suas propriedades e relações como verificado pelas ciências empíricas, tese Kantiana por excelência..

O mais importante realmente provem de Saint-Simon, que havia enfatizado originalmente a importância crescente da ciência moderna e o potencial da aplicação de métodos científicos ao estudo e à melhoria da sociedade.

De Saint-Simon é originalmente a idéia de que a finalidade da análise científica nova da sociedade deve ser amelhorativa e que o resultado final de toda a inovação e sistematização na nova ciência deve ser a orientação do planeamento social. Comte também pensou que era necessário implantar uma ordem espiritual nova e secularizada a fim de suplantar o sobrenaturalismo ultrapassado da teologia cristã.

Comte segue Saint-Simon quando considera a necessidade de uma ciência social básica e unificadora que explicasse as organizações sociais existentes e guiasse o planeamento social para um futuro melhor. Na sua hábil sistematização Comte chamou esta nova ciência "Sociologia", pela primeira vez.

Porém vai temerariamente mais adiante que seu mestre quando afirma que os fenômenos sociais poderiam ser reduzidos a leis da mesma maneira que as órbitas dos corpos celestes haviam sido explicadas pela teoria gravitacional quase trezentos anos antes.

Fonte: https://www.antroposmoderno.com/antro-articulo.php?id_articulo=74

Resumo sobre Hegel

Georg Wilhelm Friedrich Hegel, o último filósofo clássico famoso, autor de um esquema dialético no qual o que existe de lógico, natural, humano, e divino, oscila perpetuamente de uma tese para uma antítese, e de volta para uma síntese mais rica.

Hegel nasceu em Stuttgart, a 27 de agosto de 1770, e faleceu a 14 de novembro de 1831, em Berlim. Estudou gramática até aos 18 anos. Enquanto estudante, fez uma vasta coleção de extratos de autores clássicos, artigos de jornal, trechos de manuais e tratados usados na época. Esse colossal fichário, ordenado alfabeticamente, lhe foi útil toda a vida.

Entrou para o seminário de Tübingen em 1788 e de lá saiu em 1793. Entre seus colegas estava Friedrich Wilhelm Joseph von Schelling, mais novo que ele cinco anos e o poeta Johann Christian Friedrich Hölderlin.

Deixando o seminário, Hegel não trabalhou como pastor, mas como tutor particular em Berna, por três anos. Nesse período escreveu alguns trabalhos que só seriam publicados depois de sua morte reunidos sob o título Hegel theologische jugendschriften (1907).

Em um desses trabalhos investiga porque a ortodoxia impunha um sistema de normas arbitrário, sob a alegação de que eram normas reveladas, quando Cristo, ao contrário, havia ensinado uma moralidade racional, uma religião que, diferente do Judaísmo, estava adaptada à razão dos homens. Escreveu sobre o assunto dois ensaios: uma vida de Jesus e outro sobre como o cristianismo havia se tornado uma religião autoritária, se o ensinamento de Cristo não era autoritário mas racionalista.

Em 1796 mudou-se para Frankfurt onde estava o amigo Hölderlin que ali arranjou-lhe uma tutoria. O amigo entrou em umas complicações amorosas e ficou louco, o que deixou Hegel profundamente deprimido. Para curar-se, entregou-se com afinco ao trabalho de engrossar seu fichário fazendo resumos não apenas das obras filosóficas, de história e política, mas inclusive de artigos dos jornais ingleses.

Como pastor, os problemas religiosos do cristianismo são sua principal preocupação. Atacou sempre a ortodoxia, não a doutrina propriamente. Acreditava na doutrina do Espírito Santo. Para ele, o espírito do homem, sua razão, são uma vela do Senhor. Essa fé de base religiosa na Razão é o fundamento de todo o trabalho de Hegel.

Em 1798 reexaminou os ensaios escritos em Berna e escreveu Der Geist des Christentums und sei Schicksal (O espírito do cristianismo e seu destino, fado) que também somente foi publicado postumamente em 1907. Este é um dos trabalhos mais importantes de Hegel. Mas seu estilo é difícil e a conexão entre as idéias nem sempre é clara. Neste trabalho, Hegel mostra que os Judeus eram escravos da Lei de Moisés, vivendo uma vida sem amor em comparação com a dos gregos antigos. Jesus ensinou algo inteiramente diferente. O homem não deve ser escravo de comandos objetivos: a lei é feita para o homem, porém fica acima da tensão da experiência moral entre a razão e a inclinação porque a lei é para ser cumprida com amor a Deus.

O Reino, no entanto, não pode realizar-se neste mundo: o homem não é somente espírito mas também carne. Igreja e Estado, adoração e vida, piedade e virtude, ação espiritual e mundana nunca podem se dissolver em uma coisa só. É a partir desse pensamento religioso que começa a aparecer sua idéia de uma síntese de pólos opostos, no amor, - um pré-figuramento do espírito como a unidade na qual as contradições, tais como infinito e o finito, são abraçadas e sintetizadas. As contradições do pensamento no nível científico são inevitáveis mas o pensamento como uma atividade do espírito ou "razão" pode elevar-se acima delas para uma síntese na qual as contradições são resolvidas. Este pensamento, escrito em textos religiosos, está nos manuscritos de Hegel do final de sua estada em Frankfurt.

Recursos deixados por seu pai, falecido em 1799, permitiram que Hegel deixasse Frankfurt em 1801 e fosse concorrer para docente privado (ganhando de acordo com o número de alunos) na Universidade de Jena onde Schelling, então com apenas 26 anos, era professor. Porém, os grandes mestres de Jena, Johann Gottlieb Fichte, os irmãos August Wilhelm von Schlegel (1767-1845), literato, tradutor de Shakespeare, e Friedrich von Schlegel (1772-1829), lingüista e crítico literário, já haviam saído de lá.

Inicialmente amigo de Schelling, Hegel escreveu favoravelmente à sua filosofia da natureza o ensaio Differenz des Fichte'schen und Schelling'schen Systems der Philosophie (1801). Mas suas marcantes diferenças e os problemas pessoais de Schelling acabaram por afastar Schelling de Jena, em 1803, de modo a dominar a filosofia de Hegel inteiramente de então em diante. Conseguiu, com a intervenção de Goethe, ser nomeado professor extraordinário da universidade mas não era ainda popular e somente recebeu seu primeiro rendimento significativo um ano depois, em 1806.

Hegel gostou quando em 1806 Napoleão submeteu a Prússia, que ele considerava governada por uma burocracia corrupta.

Em 1807 publicou seu célebre livro: Phänomenologie des Geistes em que explica, para muito poucos entendedores, como a mente humana originou-se de uma mera consciência, passando por uma autoconsciência, razão, espírito e religião para alcançar o conhecimento absoluto.

Para melhorar seus recursos Hegel tornou-se editor do jornal Bamberger Zeitung (1907-1808) e depois ocupou a direção de um ginásio em Nürberg (1808-1816).

Em 1811 casou com Marie von Tucher, mais nova que ele 22 anos, de Nürberg com quem teve dois filhos Karl, que tornou-se um eminente historiador, e Immanuel, teólogo. Juntou-se à família Ludwig, filho natural que trouxe de Jena.

Em Nürberg em 1812 publicou Die objektive Logik, primeira parte do seu Wissenschaft der Logik (Ciência da Lógica) e em 1816 a segunda parte, Die Subjektive Logik. A repercussão de sua lógica motivou o convite para lecionar em Erlangen, Berlim e Heidelberg. Ele aceitou esta última. Para suas aulas em Heidelberg publicou em 1817 Encyklopädie der philosophischen Wissenschaften im Grundrisse (Enciclopédia das ciências filosóficas em resumo), que era na verdade a exposição de suas idéias.

Em 1818 Hegel aceitou o convite renovado para lecionar filosofia em Berlim, na cadeira vaga com a morte de Fichte. Lá sua influência sobre seus alunos foi imensa.

Quando Schopenhauer obteve um lugar na mesma Universidade, começou uma competição com Hegel pelos alunos que pagariam os seus salário. Os estudantes preferiam as aulas de Hegel. Schopenhauer conseguiu apenas uns poucos e teve que desistir, e a partir de então combateu implacavelmente Hegel Schelling e Fichte, chamando-os fanfarrões e charlatães, e atacou os professores de filosofia em geral no seu ensaio "Sobre a filosofia na universidade".

Em Berlim Hegel publicou seu Naturrecht und Staatswissenschaft im Grundrisse (Fundamentos do Direito natural e da Ciência política) também intitulado Grundlinien der Philosophie des Rechts ("Filosofia do Direito"), de 1821. Em 1830 Hegel tornou-se Reitor da universidade. A revolução deste ano quase o fez adoecer de medo do povo assumir o governo.

Após a publicação do "Filosofia do Direito", Hegel devotou-se quase exclusivamente a suas aulas (1823-1827). O que foi publicado desse período são principalmente notas dos seus estudantes. Versam principalmente três áreas: estética, filosofia da história e filosofia da religião.

Nos anos que precederam a revolução de 1830 houve um florescimento nas artes na Alemanha, e Hegel copiava notas dos jornais, o que lhe permitia fazer suas aulas sobre estética mais interessantes. Em suas aulas sobre filosofia da religião tentou mostrar que o credo dogmático é o desenvolvimento racional do que está implícito no sentimento religioso.

No verão de 1831 Hegel buscou refúgio nas vizinhanças da cidade, contra uma epidemia do cólera. Durante esse retiro terminou a revisão da primeira parte do "Ciência da Lógica". Porém, ao retornar para o período acadêmico do inverno, contraiu a doença e morreu a 14 de novembro daquele ano. Foi enterrado como pediu, ao lado de Fichte.

PENSAMENTO.

A filosofia de Hegel é a tentativa de considerar todo o universo como um todo sistemático. O sistema é baseado na fé. Na religião cristã, Deus foi revelado como verdade e como espírito. Como espírito, o homem pode receber esta revelação. Na religião a verdade está oculta na imagem; mas na filosofia o véu se rasga, de modo que o homem pode conhecer o infinito e ver todas as coisas em Deus.

O sistema de Hegel é assim um monismo espiritual mas um monismo no qual a diferenciação é essencial. Somente através da experiência pode a identidade do pensamento e o objeto do pensamento serem alcançados, uma identidade na qual o pensar alcança a inteligibilidade progressiva que é seu objetivo. Assim, a verdade é conhecida somente porque o erro foi experimentado e a verdade triunfou; e Deus é infinito apenas porque ele assumiu os limitações de finitude e triunfou sobre elas. Similarmente, a queda do homem era necessária se ele devia atingir a bondade moral. O espírito, incluindo o Espírito infinito, conhece a si mesmo como espírito somente por contraste com a natureza.

O sistema de Hegel é monista pelo fato de ter um tema único: o que faz o universo inteligível é vê-lo como o eterno processo cíclico pelo qual o Espírito Absoluto vem a conhecer a si próprio como espírito (1) através de seu próprio pensamento; (2) através da natureza; e (3) através dos espíritos finitos e suas auto-expressões na história e sua auto-descoberta, na arte, na religião, e na filosofia, como Um com o próprio Espírito Absoluto.

O compêndio do sistema de Hegel, a "Enciclopédia das Ciências Filosóficas", é dividida em três partes: Lógica, Natureza e Espírito. O método de exposição é dialético. Acontece com freqüência que em uma discussão, duas pessoas que a princípio apresentam pontos de vista diametralmente opostos depois concordam em rejeitar suas visões parciais próprias, e aceitar uma visão nova e mais ampla que faz justiça à substância de cada uma das precedentes. Hegel acreditava que o pensamento sempre procede deste modo: começa por lançar uma tese positiva que é negada imediatamente pela sua antítese; então um pensamento seguinte produz a síntese. Mas esta síntese, por sua vez, gera outra antítese, e o mesmo processo continua uma vez mais. O processo, no entanto, é circular: ao final, o pensamento alcança uma síntese que é igual ao ponto de partida, exceto pelo fato de que tudo que estava implícito ali foi agora tornado explícito, tudo que estava oculto no ponto inicial foi revelado.

Assim o pensamento propriamente, como processo, tem a negatividade como um de seus momentos constituintes, e o finito é, como a auto-manifestação de Deus, parte e parcela do infinito mesmo. O sistema de Hegel dá conta desse processo dialético em três fases:

Lógica: O sistema começa dando conta do pensamento de Deus "antes da criação da natureza e do espírito finito", isto é, com as categorias ou formas puras de pensamento, que são a estrutura de toda vida física e intelectual. Todo o tempo, Hegel está lidando com essencialidades puras, com o espírito pensando sua própria essência; e estas são ligadas juntas em um processo dialético que avança do abstrato para o concreto. Se um homem tenta pensar a noção de um ser puro (a mais abstrata categoria de todas), ele encontra que ela é apenas o vazio, isto é, nada. No entanto, o nada "é". A noção de ser puro e a noção de nada são opostas; e no entanto cada uma, quando alguém tenta pensá-la, passa imediatamente para a outra. Mas o caminho para sair dessa contradição é de imediato rejeitar ambas as noções separadamente e afirmá-las juntas, isto é, afirmar a noção do vir a ser, uma vez que o que ambas vem a ser é e não é ao mesmo tempo. O processo dialético avança através de categoria de crescente complexidade e culmina com a idéia absoluta, ou com o espírito como objetivo para si mesmo.

Natureza: A natureza é o oposto do espírito. As categorias estudadas na Lógica eram todas internamente relacionadas umas às outras; elas nascem umas das outras. A natureza, no entanto, é uma esfera de relações externas. Partes do espaço e momentos do tempo excluem-se uns aos outros; e tudo na natureza está em espaço e tempo e assim é finito. Mas a natureza é criada pelo espírito e traz a marca de seu criador. As categorias aparecem nela como sua estrutura essencial e é tarefa da filosofia da natureza detectar essa estrutura e sua dialética; mas a natureza, como o reino da "externalidade", não pode ser racional seqüencialmente, de modo que a racionalidade prefigurada nela torna-se gradualmente explícita quando o homem aparece. No homem a natureza alcança a autoconsciência.

Espírito: Aqui Hegel segue o desenvolvimento do espírito humano através do subconsciente, consciente e vontade racional. Depois, através das instituições humanas e da história da humanidade como a incorporação e objetivação da vontade; e finalmente para a arte, a religião e filosofia, na qual finalmente o homem conhece a si mesmo como espírito, como Um com Deus e possuído da verdade absoluta. Assim, está então aberto para ele pensar sua própria essência, isto é, os pensamentos expostos na Lógica. Ele finalmente voltou ao ponto de partida do sistema, mas no roteiro fez explícito tudo que estava implícito nele e descobriu que "nada senão o espírito é, e espírito é pura atividade".

Nos trabalhos políticos e históricos de Hegel, o espírito humano objetiva a si próprio no seu esforço para encontrar um objeto idêntico a si mesmo. A Filosofia do Direito cai em três divisões principais. A primeira trata da lei e dos direitos como tais: pessoas (isto é, o homem como homem, muito independentemente de seu caráter individual) são o sujeito dos direitos, e o que é requerido delas é meramente obediência, não importa que motivos de obediência possam ser. O Direito assim é um abstrato universal e portando faz justiça somente ao elemento universal na vontade humana. O indivíduo, no entanto, não pode ser satisfeito a menos que o ato que ele faz concorde não meramente com a lei mas também com suas próprias convicções conscientes. Assim, o problema no mundo moderno é construir uma ordem política e social que satisfaça os anseios de ambos. E assim também, nenhuma ordem política pode satisfazer os anseios da razão a menos que seja organizada de modo a evitar, por uma parte, a centralização que faria os homens escravos ou ignorar a consciência e, por outra parte, um antinomianismo (argumentação que se desenvolve por meio de antinomias: as proposições mutuamente excludentes) que iria permitir a liberdade de convicção para qualquer indivíduo (liberalismo) e assim produzir uma licenciosidade que faria impossível a ordem política e social.

O Estado que alcançasse essa síntese, haveria de apoiar-se na família e na culpa. Seria talvez uma forma de monarquia limitada, com governo parlamentarista, julgamento por um júri, e tolerância para judeus e dissidentes, e seria diferente de qualquer estado existente nos dias de Hegel.

Na Filosofia da História Hegel pressupôs que a historia da humanidade é um processo através do qual a humanidade tem feito progresso espiritual e moral e avançado seu auto-conhecimento. A história tem um propósito e cabe ao filósofo descobrir qual é. Alguns historiadores encontraram sua chave na operação das leis naturais de vários tipos. A atitude de Hegel, no entanto, apoiou-se na fé de que a história é a representação do propósito de Deus e que o homem tinha agora avançado longe bastante para descobrir o que esse propósito era: ele é a gradual realização da liberdade humana.

O primeiro passo era fazer uma transição da vida selvagem para um estado de ordem e lei é a revolução. Em muitos pontos o pensamento de Hegel serviu aos fundamentos do marxismo, e um deles é sua concepção de que os Estados têm que ser encontrados por força e violência pois não há outro caminho para fazer o homem curvar-se à Lei antes dele ter avançado mentalmente tão longe suficiente para aceitar a racionalidade da vida ordenada. Alguns homens aceitarão as leis e se tornarão livres, enquanto outros permanecerão escravos. No mundo moderno o homem passou a crer que todos os homens, como espíritos, são livres em essência, e sua tarefa é, assim, criar instituições sob as quais eles serão livres de fato.

Rubem Queiroz Cobra